No Estado, o preço de 1 kg de própolis oriundo da planta nativa pode variar entre R$ 600 e R$ 950.
Após crescimento em mais de dez vezes pela demanda por própolis na pandemia, segundo a Federação dos Apicultores do Ceará (Face), os apicultores do Estado irão investir na produção de própolis da jurema preta, planta nativa da região que cresce com facilidade no sertão.
Devido às suas excelentes propriedades medicinais, passou a ser desejada no mercado nacional. Agora, após incentivo da Face através de cursos e reuniões remotas, os apicultores buscam produzir três vezes mais do que em 2020, quando foram colhidos 1.200 kg.
A produção do mel ocorre no primeiro semestre, durante o período chuvoso, enquanto a do própolis é realizada em agosto e novembro. Enquanto 1 kg de própolis oriundo da jurema preta na cotação atual varia entre R$ 600 e R$ 950, o quilo de mel já oscila em torno de R$ 20.
Estamos animados com a perspectiva atual favorável à apicultura, mas precisamos mudar a mentalidade de muitos produtores porque a maioria é agricultor familiar, que produz mel, e precisamos de apicultor profissional, que use técnicas modernas e corretas, tenha higiene, qualidade.IRINEU FONSECAPresidente da Face
Somente o triângulo formado por Quixadá, Quixeramobim e Solonópole, no Sertão Central, oferece mais de 1.200 hectares de jurema preta. “É a nossa mata nativa, rica, com três grandes açudes, pronta para a abelha trabalhar, e só precisamos investir em apiários e na qualificação dos nossos apicultores”, destacou Irineu Fonseca.
PRODUÇÃO DE PRÓPOLIS NO CEARÁ

De acordo com dados da Face, a produção cearense de própolis em 2020 foi de apenas 1.200 kg, por cerca de 600 apicultores. Neste ano, a expectativa é chegar a 4.800 kg.
Para alcançar a meta, a Federação apoiou a criação de mais 26 grupos com um total de 1.200 apicultores. “Neste segundo semestre teremos um salto formidável na produção de própolis”, prevê o presidente da Face.
Aplicando as técnicas corretas, após a produção de própolis podemos produzir 60% a mais de mel por colmeia, com as abelhas bem alimentadas, pois são produções que se aliam.IRINEU FONSECAPresidente da Federação da Apicultura do Ceará
Em 2021, a produção de mel de abelha no Estado deve ficar semelhante à colhida em 2020, em torno de 3,8 toneladas. “Houve irregularidade nas chuvas e algumas regiões foram beneficiadas por floradas, entre fevereiro e maio, mas outras, não”, explicou Irineu. No Ceará, a Face estima a presença de 8.000 produtores de mel de abelha.
BUSCA POR PROFISSIONALIZAÇÃO
Empolgado com a perspectiva de preço e demanda altamente favorável, o apicultor Hildegardo Moura, presidente da Associação dos Apicultores de Cariús, resolveu diversificar a produção para própolis e pólen. Buscou profissionalização e participou de um curso online.
Após adquirir coletores e colmeias adequados, Hildegardo está animado em produzir própolis neste segundo semestre a partir do néctar da jurema preta. “É a vedete do momento e será o futuro da apicultura no Sertão”, prevê. “Vamos ser o maior e o melhor exportador, em pouco tempo”.
Até recentemente, os produtores de mel “jogavam no chão, no lixo a própolis”, lembra Irineu. Hildegardo complementa afirmando que “é preciso mudar essa cultura, esse preconceito de que a nossa mata nativa não prestava para própolis”.
DN
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